A exuberância de Quaresma dentro do campo não encontra paralelo fora dele. Nenhuma palavra sai de trivela no discurso moderadamente optimista com que cruza os objectivos imediatos do FC Porto com os seus planos de emancipação. O que lhe dá prazer é viver o momento, sentir o palpitar de uma campanha interna que aproxima os portistas do título. Quanto ao Sporting, não merece tratamento indiferenciado das restantes equipas que passaram pelo Dragão. «É para vencer. Em casa mandamos nós», remata com força. O Marítimo já faz parte do passado. Para alguns espíritos inquietos, a vitória na Madeira serviu para respirar fundo antes dos dois clássicos que vão agitar o Campeonato Nacional. Para Quaresma, foi apenas uma etapa queimada com sucesso por um colectivo que releva crescente vontade de renovar o título. Do ponto de vista anímico, não restam dúvidas de que os três pontos conquistados nos Barreiros constituíram importante injecção de confiança para a equipa portista. «Sinto que estamos a crescer imenso. Obtivemos uma boa vitória num campo tradicionalmente difícil, frente a um Marítimo que se bateu bem. Foi um jogo em que conseguimos gerir com tranquilidade a vantagem que construímos na primeira parte», sintetizou, atirando um primeiro olhar sobre o jogo com o Sporting, sem evitar uma referência subliminar ao desafio da Luz: «Temos dois jogos complicados pela frente, mas primeiro vamos pensar no Sporting. O jogo é em nossa casa e lá temos sempre de mandar. Normalmente, o FC Porto está sempre obrigado a ganhar, até por força do estatuto que ostenta e do objectivo que persegue. Em relação a esse desafio a meta está bem definida e passa, naturalmente, por conquistar os três pontos.» «Não temos medo de ninguém» Pergunta-se a Quaresma o que mais receia no Sporting. O extremo não evita um assomo de espanto pela questão e parte determinado para a resposta, eliminando o factor medo na projecção que faz ao clássico: «Receio do Sporting não tenho. Tenho, isso sim, é respeito pelo clube, pelos seus jogadores e treinador. No resto, não receio nada nem ninguém. Os jogadores do FC Porto sabem que terão pela frente um adversário forte que possui um conjunto de excelentes jogadores.» Se o FC Porto vencer o Sporting e o Benfica já pode encomendar as faixas de campeão? Desta vez Quaresma rasga um sorriso para afastar uma ideia que lhe parece vagamente arrogante: «Não, não podemos nem vamos encomendar faixas nenhumas. Vão ser jogos importantes e se ganharmos daremos um passo importante para conquistar o título.» «Obrigado, FC Porto» Blindado das notícias que o dão como alvo apetecível de meia Europa endinheirada, Quaresma vai colhendo os bons frutos que plantou. O menino das trivelas já é um fenómeno mundial, a sua imagem está colada aos êxitos nacionais e internacionais do FC Porto. «Estou a atravessar uma boa fase, sinto-me bem, tenho prazer naquilo que faço», assume, sem cair na tentação de pensar que os estados de graça duram para sempre: «Há momentos bons e maus na carreira de um jogador e acho que nesta altura da época atravesso um momento positivo. Bem ou mal a verdade é que não sou jogador para me esconder.» Sobre o futuro não vale a pena gastar muitas palavras. É o presente que o preenche, é no FC Porto que sente bem: «Sou novo e ainda tenho uma vida pela frente. O importante é estar bem. Neste aspecto tenho contado com o apoio de muita gente. No FC Porto evoluí como homem e como jogador e só tenho que agradecer ao clube tudo o que proporcionou.»
Fonte: "www.abola.pt"
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