E o verdadeiro artista desta primeira parte do Campeonato é... Ricardo Quaresma. O jogador portista recuperou a alegria e a inspiração e voltou a polvilhar os relvados com a sua inimitável magia. Tem enchido o campo com a fantasia que encanta miúdos e graúdos e também as medidas dos jornalistas de A BOLA, que o elegem agora como a figura desta primeira volta da prova doméstica. Falta ainda realizar-se mais uma jornada, mas o título desta casa já não lhe escapa porque ninguém lhe morde sequer os calcanhares. O número sete dos azuis e brancos tem feitiço nas botas e o diabo no corpo. Para os dragões é um anjo na terra.
Quem joga assim os seus males e os dos outros espanta. E Quaresma só por si tem afastado os fantasmas que ensombram normalmente os estádios através do seu futebol de encantar e chorar por mais, porque sem se deixar de folclores passou a combinar o útil com o agradável. Servir os companheiros, decidir jogos e abrilhantar os espectáculos é a trilogia sagrada por que se tem regido o número sete dos dragões, decididamente de volta àquele seu fulgor e luminosidade dos tempos de Co Adriaanse, que foi quem lhe (re)acendeu a chama que parecia perdida no tempo e no espaço. Agora tocou a vez a Jesualdo Ferreira de ligar novamente o seu jogador mais talentoso à corrente. Para prevenir qualquer curto-circuito momentâneo ou prolongado, o professor não esteve com meias medidas e recorreu a um fio de jogo conectado à terra. E assim Quaresma voltou a fazer faísca nos relvados e a subir aos céus. O criativo jogador teve alguns problemas na imprescindível ligação trifásica dos tempos modernos — assistir os companheiros, marcar golos e encantar a plateia —, acabou com um clique aqui e outro acolá por, entretanto, libertar toda a sua energia em campo e, enfim, fazer-se luz nos estádios portugueses e estrangeiros. Os dragões rejubilam, os adversários roem-se de inveja e o público que gosta de futebol agradece dádiva tão grande vinda dos pés de Quaresma.
A beleza dos números
Para além de o seu futebol ser um regalo para os olhos, o extremo teve ainda a arte e o engenho necessários para descodificar o seu jogo, ao ponto de o tornar tão prático quanto letal. E os números falam por si, o que não deixa de ser curioso para um verdadeiro artista da bola: Quaresma leva já marcados cinco golos no campeonato (é o segundo artilheiro da equipa) e um na Champions, contribuiu, ainda, e até agora, com 13 assistências para golo (!), é o jogador mais pontuado de A BOLA e foi para os críticos desta casa eleito cinco vezes como o melhor em campo. O egoísmo próprio, por vezes compreensível, daqueles que são predestinados para o futebol deu surpreendentemente lugar a um jogador de equipa sem lhe retirar, todavia, o talento natural e a alma. Quaresma assume-se assim como a figura do FC Porto e... também do futebol português, onde o seu protagonismo é cada vez mais do que evidente e a dimensão atingiu patamares que lhe reabriram fronteiras.
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Ricardo Quaresma mostrou-se surpreendido com o prémio do Sindicato de Jogadores que o elegeu como o melhor jogador do mês de Novembro.
"Sinceramente não sabia, mas fico feliz com essa distinção. Tenho feito o meu melhor para ajudar a equipa a conquistar vitórias. Estou num bom momento e vou continuar a trabalhar para me manter assim", revelou Quaresma.
E sobre o percurso dos portistas no campeonato nacional refere: "Vamos ter mais um jogo importante, com o Paços de Ferreira, que procuraremos vencer. Vai ser um jogo difícil, mas queremos acabar esta fase só com vitórias. Ganhar ao Paços seria a melhor prenda de Natal. "
E acrescenta: "Depois, obviamente estar com a minha família, porque já não estou com eles há algum tempo".
Líder dos dragões não tem preferência pelo próximo adversário na Champions mas lembrou que qualquer um dos apurados tem condições de vencer a prova
Pinto da Costa garantiu ontem à noite, em Fafe, que Quaresma não vai deixar o plantel do FC Porto na reabertura do mercado, apesar de ter admitido o assédio do Atlético de Madrid ao craque. "Sei que chegaram contactos à SAD, mas eu também gostava muito de ter o Ronaldinho. Por isso, aceito que o Atlético de Madrid gostasse de ter o Quaresma". Porém, a realidade não será essa: "Posso garantir que não sairá em Janeiro. Dos jogadores considerados importantes pelo técnico não sairá nenhum em Janeiro", sublinhou. O mesmo não se aplica, naturalmente, aos outros elementos do plantel. "No interesse dos próprios jogadores, que não sejam muito utilizados e desde que eles manifestem essa vontade, facilitaremos o empréstimo para que se mantenham em actividade". No sentido inverso não estão, para já, previstas entradas. "Esperamos três reforços brevemente, que são o Pedro Emanuel, o Anderson e o Sokota. Quando os tivermos, não estou a ver que haja muitos jogadores a entrar na equipa", referiu.
Quaresma é um predestinado. Um craque que empolga as multidões com fintas e toques em habilidade, que merecem várias repetições nas transmissões televisivas. Por outras palavras, um fantasista que não tem medo de errar quando "inventa" mais um drible ou tenta um cruzamento de letra como fez no encontro com o Arsenal. É esse o estilo de jogo que o extremo portista gosta de praticar e do qual, garante, nunca abdicará. "A vida é um risco", afirma como quem remata de primeira. Sem virar as costas continua a rematar. "Se não arriscarmos não sabemos o que vai sair dali e eu sempre fui uma pessoa que gosta do risco". Quaresma acha mesmo que é ele que está certo, confirmando, porventura sem saber, o que ainda há dias Arrigo Sacchi, o treinador do Milan dominador da década de 90, defendeu num congresso de treinadores, de que o futebol espectáculo está a morrer. O número sete assume o risco, "caso contrário, o futebol torna-se normalíssimo", e assume o direito à opinião de que se assim não for a sua modalidade "não tem piada, porque jogar para trás e para o lado toda a gente faz. Se não jogarmos para a frente, não há golos".Acusado aqui e acolá de individualista, rotulado de predestinado por alguns, considerado fora de série pelos adeptos, Quaresma defende o seu estilo com a ideia de que "devem existir jogadores que gostem de correr riscos e posso considerar-me um deles. Sempre fui um jogador que gosta de ter a bola nos pés e de jogo bonito". Aos que acham a ideia de futebol-espectáculo contrária às necessidades do colectivo, "Harry Potter" afirma que em campo está sempre "consciente de que a equipa está em primeiro". Quando o risco não compensa, porque a bola pode bater no poste - com o Arsenal bateu por duas vezes sem que Lehmann pudesse evitar -, o jogador do FC Porto encontra motivação "para procurar, ainda mais, o golo". Na ausência da satisfação plena, Quaresma estabelece de imediato outro objectivo, porque pode ser que o golo "apareça já com o Nacional".
Ricardo Quaresma assume: "Sou um jogador de risco"
CORTINAS corridas, fim de peça nesta fase da Liga dos Campeões. Dragão em palco, também presta a vénia dos vencedores. Texto do apuramento na ponta da língua, Ricardo Quaresma faz valer a sua capacidade de improviso. Arrisca, ganha. Um estilo, dele, muito dele. Em nome do espectáculo.
Uma imagem feliz. «Acabámos muito bem a primeira fase da Liga dos Campeões. A intenção é dar seguimento ao bom trabalho.» O sorriso é de Ricardo Quaresma. «Podíamos ter vencido, o Arsenal jogou apenas para o empate. Saímos de cabeça levantada», está feita a análise do craque portista. O presente oferece alegria, o passado chegou a constituir ameaça: a derrota com o Arsenal, em Londres, deixou o dragão em sentido. «A equipa estava um pouco cansada, o treinador era novo e ainda não estávamos identificados com as suas ideias. Crescemos bastante, praticamos um futebol cada vez mais vistoso e revelamos qualidade.» Argumentos de sobra para insuflar a ambição dos azuis-e-brancos, por muito ricos que sejam os senhores com quem se podem cruzar já ao virar da esquina: «Nos oitavos só estão grande equipas, pelo que era indiferente terminar em primeiro ou em segundo. Há que aguardar pelo sorteio, mas o FC Porto não é de temer ninguém.»
Circulação de méritos
Duas bolas no poste. Tiraram tinta mas nenhuma ponta de brilho à noite de Quaresma. «Dão-me ainda mais motivação para continuar a jogar e a ir à procura do golo», vai à recarga o extremo portista, já com os olhos postos na baliza do próximo adversário. «Pode ser que fique para o Nacional, vamos lá ver...», promete tirar as medidas, antes de se pronunciar sobre o favoritismo interno: «Faltam muitos jogos, mas esta equipa tem grande qualidade para revalidar o título. Se prefiro ganhar o campeonato ou a Champions? As duas provas, obviamente!» Há encanto no jogo do sete portista. «Em campo, tento dar sempre o meu melhor e ajudar a equipa a vencer e a conquistar títulos», faz a circulação dos méritos, antes de chegar à fantasia do seu futebol. «Sempre gostei de ter a bola nos pés, aquilo a se chama de jogo bonito. A vida é um risco. Sem ele, o futebol torna-se normalíssimo: jogar para os lados e para trás toda a gente faz. Se não o fizermos para a frente, não há golos. Tem de haver jogadores assim e eu posso considerar-me um jogador de risco.»
Quaresma foi eleito pelo site da UEFA como o melhor jogador em campo no empate a zero obtido esta noite pelo FC Porto diante o Arsenal, em jogo do Grupo G da Liga dos Campeões. O extremo portista foi o jogador em maior destaque ao longo dos 90 minutos, tendo inclusive rematado por duas vezes ao poste. Esse facto deve ter pesado na conquista do prémio.
Não marcou, não assistiu, mas nem por isso deixou de brilhar intensamente. Quaresma é o espelho do bom momento portista e da confiança de todo o plantel. Depois do apuramento para a 2.ª fase da prova – Pinto da Costa só pediu a Taça UEFA – o extremo tecnicista deixou um frase que ilustra bem o que a equipa sentiu após a derrota no Emirates Stadium e, ao mesmo tempo, aplica-se já ao sorteio que aí vem. “É um hábito que existe neste clube. Não teme nada nem ninguém!”, exclamou.
Sobre a partida e as duas bolas que endossou ao poste, Quaresma revelou a tristeza por desejar ter ganho, mas não ficou a lamentar-se e preferiu salientar o positivo. “É verdade que não conseguimos ficar em primeiro, mas tudo tentámos. Penso que fizemos um grande trabalho. Começámos mal e terminámos bem”, introduziu, enaltecendo o seu valor e... o dos colegas: “Mostrámos ter grandes jogadores com esta exibição.”
Além de Jesualdo Ferreira, também Quaresma esteve na sala de imprensa do Estádio do Dragão a fazer a antevisão do jogo com o Arsenal, marcado para amanhã às 19:45 no recinto portista. O extremo disse que o FC Porto está "preparado" para vencer a equipa inglesa e fazer "uma grande exibição".
"Nenhum jogador do FC Porto pensa jogar para o empate. Não é essa a nossa mentalidade. É um jogo motivador para todos. "Estamos preparados para fazer uma grande exibição", disse Quaresma, que não escondeu o desejo de "chegar à final da Liga dos Campeões e ganhar". O portista desvalorizou a ausência de Thierry Henry, por castigo, afirmando que o Arsenal não depende do avançado francês. "Não é por ele jogar ou não que o Arsenal perde ou ganha. Não podemos pensar só no Thierry Henry", referiu Quaresma, acrescentando que "o Arsenal tem jogadores de muito valor e não é por não poder contar com ele que não vai querer ganhar". Ricardo Quaresma considerou o holandês Robin Van Persie, provável substituto de Thierry Henry no Estádio do Dragão, "um grande jogador": "O Arsenal tem grandes jogadores, como o FC Porto também tem", assegurou. Caso o FC Porto vença o Arsenal terá como recompensa suplementar o triunfo no Grupo G e evitará defrontar todos os vencedores dos grupos, sendo que um deles deverá ser o Chelsea, de José Mourinho, Hilário, Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho. Esta probabilidade é relativizada por Ricardo Quaresma: "não estamos preocupados com ninguém, apenas connosco próprios e com a conquista dos 3 pontos frente ao Arsenal".
O extremo do FC Porto, Ricardo Quaresma, acredita que o a turma "azul-e-branca" vai ganhar ao Arsenal FC no Estádio do Dragão, na derradeira jornada do Grupo G.
Senda vitoriosa O Arsenal e o Porto têm dez pontos e lideram o seu grupo, pelo que ambos seguirão em frente caso empatem, desde que o PFC CSKA Moskva, a dois do duo da frente, não bata o Hamburguer SV, na Alemanha. Depois da vitória em Moscovo na jornada anterior, o Porto vai entrar em campo muito confiante em assegurar a quarta vitória consecutiva.
Jogo difícil Quaresma, que marcou o primeiro golo dos "dragões" em Moscovo, disse ao uefa.com: "O Arsenal tem uma equipa muito forte, com grandes jogadores, mas não estamos preocupados com isso. O jogo contra o Arsenal vai ser muito difícil, mas vamos fazer o costume: jogar para ganhar".
Confiança "Temos alguns grandes jogadores na nossa equipa", continuou Quaresma e as estatísticas mostram a grande confiança do conjunto portista. A turma de Jesualdo Ferreira, que lidera a Liga portuguesa, apontou nove golos nos últimos três jogos na UEFA Champions League, sinal de grande forma. "Cada triunfo dá-nos mais confiança e mais espírito. Mostra que a nossa qualidade pode ganhar jogos", afirmou Quaresma.
Corrigir má imagem Com o Arsenal a mostrar muitos problemas cada vez que joga fora na Premiership, a esperança é grande no Porto, que quer corrigir a má imagem depois da derrota em Londres, por 2-0, na segunda jornada. "Como é óbvio, vai ser um jogo muito difícil, mas vamos jogar em casa, com o apoio dos nossos adeptos", disse Quaresma. "A vitória em Moscovo deu-nos confiança e o próximo com o Arsenal também será, decerto, muito difícil".
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